sábado, abril 18, 2009

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Is anybody out there?

Se alguém, alguém que seja... se uma mísera alma transeunte ainda se passeia por este blog, não desespere... Jaz aqui uma promessa... A de um regresso glorioso, um regresso envolto num festim deveras insólito. Não atormentes mais a tua própria carcaça, meu velho amigo... Eu voltei. E desta vez, de uma vez por todas, para ficar.

Até breve...
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quinta-feira, março 13, 2008

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Talvez

...eu não precise de escrever mais. Talvez o passado seja isso mesmo, passado. Talvez escreva apenas ficção e não mais precise de fugir de mim, agora que me completei e gosto de mim. Talvez o que já fui tenha desaparecido para se estabelecer um novo eu. Devo-te tudo, uma vez que foi por ti que esperei enquanto acreditava que não ia sobreviver por muito mais tempo. Obrigada por tomares conta de mim e me mostrares que vale a pena. Talvez parta e não volte mais...

Originalmente publicado a 2/12/2008
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terça-feira, novembro 06, 2007

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Amantes de Poesia

I
Ela esperou-o, sentada na estação de metro do Marquês.Ele nunca mais chegava, provavelmente nunca chegaria, mas de repente chegou e sentou-se a seu lado.Durante minutos não trocaram uma única palavra, os comboios passavam.Vamos neste?Vamos...
Ele conduziu-a, ela era meio distraída e ele minuncioso.Tomaram chá, fumaram cigarros e culpando os nervos, diziam disparates e riam, riam muito.Não vás já...fica mais um pouco.Foram ver o pôr-do-sol disfarçado de janelas em chamas, chegou o frio e abraçaram-se.Tenho de ir...já viste algo mais bonito do que dois amantes de poesia que se apaixonam?...Beijaram-se e assim começou o fim do mundo...

II
Era a primeira vez que faziam amor, estava escuro e havia vinho e música.Deixas-me nervoso...ela sorriu e chamou-o de tolo.Como haveria ela de o deixar nervoso, ela que nunca havia provado lábios mais quentes....ele despiu-a e ela sentiu-se mais nua do que devia.Queria chorar, mas não conseguia.Admiro muito o teu corpo.Ela não respondeu e despiu-o.Observou-o e com as mão sentiu-lhe cada detalhe, sabia bem onde tocar para o fazer estremecer.Era belíssimo aos olhos dela...Entrou nela. Há muito que ninguém o fazia, não daquela maneira...tão bom...Quando terminaram, abraçaram-se muito, sorriram muito, beijaram-se muito.Voltaram ao vinho e aos cigarros e ela pensou que se morresse, morreria feliz.
Fizeram amor mais vezes, até que ele adormeceu, ela contemplou-o durante horas, enquanto bebia e fumava.Até que o álcool e o cansaço tomaram conta do seu corpo e adormeceu também.Acordou de manhã enquanto ele lhe segredava ao ouvido:"Lembra-te de mim..."

III
O ódio e o amor eram de tal ordem que unhas e dentes se cravavam na pele...Esqueciam-se de respirar e por isso, sentiam-se meio zonzos...
Porquê?Porque tem de ser...
As roupas haviam há muito sido arrancadas, só havia carne e lágrimas e suor e saliva e desejo.Adeus... adeus... era tudo uma despedida, a necessidade de deixar marcas, cicatrizes, feridas que não saram mais, era senhora naquele quarto nauseabundo, asfixiante, repletos de posters de cinema e de música...
Porquê?Porque tem de ser...
Mordiam-se ambos, arranhavam-se, lambiam-se, arfavam que nem cães e ela...ela chorava e pedia-lhe que fosse só dela...e ele dizia não.
Porquê?Porque tem de ser...
Foderam-se, não há palavra mais acertada do que esta, ela puxou-o para dentro e ele entrou mais fundo.Vieram-se...Ele saiu de cima dela, tomou-a em seus braços, abraçou-a muito e chorou-a muito.Amei-te tanto...disse ela.Não devias, respondeu ele.
Porquê?Porque tem de ser....

Já viste algo mais bonito do que dois amantes de poesia que se apaixonam?....
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quinta-feira, outubro 18, 2007

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Al Berto

Numa noite fria estava eu sozinha a beber o meu gin, numa mesa de um qualquer café, num qualquer ponto de uma qualquer cidade, quando aparece o Al Berto. Todo sedutor, convidou-se a sentar e eu concordei. Pediu um gin e de seguida olhou-me e pediu me que lhe mordesse as mãos. Eu lambi-lhe os pulsos e chupei-lhe os dedos, enfiando-os um a um na minha boca. De seguida, perguntou-me porque não havia eu atendido ao seu pedido. Sorri e fumei... Sabes quem eu sou? Perguntou-me.... Engasguei-me e misturei no engasgo uma gargalhada. Tirou-me o cigarro e fumou....Sei....Fechei os olhos com força e abri...Toda a gente à minha volta me olhava.Voltei a fechar os olhos com maior força e abri. Na minha mesa estava um copo de gin, um maço de JPS e uma cadeira vazia...
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domingo, maio 27, 2007

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Sufoco

Que sufoco....os meus dogmas abalados por dois olhos enormes de pestanas gémeas, por um sorriso que consegue matar ao ser esboçado. Por umas mãos frias de dedos longos e perfeitos, de quem já viveu mais do que lhe era pedido. E agora? Pergunto te eu ao ouvido enquanto sinto o teu cheiro a invadir me a alma, assim como tudo o que é meu. Agora, estou aqui. E eu não pergunto mais nada. Parto sempre sem olhar pra trás, sem saber se amanhã ainda aqui estás. Mas não me importa, o amor que sinto por ti tem o sabor de cicatrizes que não saram mais e pra sempre me hão de fazer recordar cada segundo que parámos juntos. Cada cigarro que acendi pra ti em tentação, cada vez que me pediste pra te tocar, pra te beijar. Jamais irei esquecer cada lágrima minha que lambeste, cada suspiro que me provocaste, cada vez que me ralhaste porque eu havia cometido um erro. Não esqueço a música que nos iluminou o caminho, nem tampouco a forma como me olhavas, caindo na ideia pateta de que eu não te observava pelo canto do meu olho. Quando te disser adeus, não vou chorar... vou deixar te com um sorriso enorme pra que assim me possas recordar. Dar te ei um beijo na testa, longo, demorado... e fecho a porta do carro pra nunca mais a abrir. Vou guardar te aqui, bem fechado, proibindo qualquer boca de dizer o teu nome... no fundo, foi a mim e só a mim que pertenceste...
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domingo, maio 06, 2007

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Escrever

Escrever palavras apenas para observar a tinta a sair da caneta,as palavras que se vão formando através de letras que vou escrevendo,mesmo que não façam sentido.Escrever para não enlouquecer porque o que povoa o meu cérebro são volumes de dicionários cheios de palavras repletas de letras,palavras em várias línguas, umas que existem,outras que nem sequer o são.Escrever porque é como respirar,é como voltar a adormecer o monstro para que não se liberte,escrever para ver a forma que posso dar ao texto pondo uma palavra aqui e outra
aqui.
Escrever porque posso,porque tenho mão,porque penso,porque sinto,porque sei,porque sou.Escrever até doer a mão e a letra sair feia.Escrevi porque necessitava...porque estava a enlouquecer...
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quinta-feira, maio 03, 2007

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Um Pequeno Desabafo

Porque é que me deixaste sozinha?Não vês que sou pequenina...que quando me largas a mão,eu perco-me?Deixo de saber onde estou,para onde vou e até mesmo de onde vim.Sabes,às vezes choro baixinho à noite,quando estou só...e pergunto-me porque não estás comigo.Depois levanto-me e fumo um cigarro na companhia de mim mesma,a minha única amiga.É um cigarro salgado,pois confundo-lhe o sabor com o das lágrimas que insistem em escorrer pela minha cara.Começo a questionar-me se não terás tu criado um mundo de papel,só para eu ver.Tenho a sensação de que quando eu toco em algo desse dito mundo,essa coisa desfaz-se,rasga-se.E sobro eu...sozinha,a afogar-me numa montanha de papel amachucado...
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