Sufoco
Que sufoco....os meus dogmas abalados por dois olhos enormes de pestanas gémeas, por um sorriso que consegue matar ao ser esboçado. Por umas mãos frias de dedos longos e perfeitos, de quem já viveu mais do que lhe era pedido. E agora? Pergunto te eu ao ouvido enquanto sinto o teu cheiro a invadir me a alma, assim como tudo o que é meu. Agora, estou aqui. E eu não pergunto mais nada. Parto sempre sem olhar pra trás, sem saber se amanhã ainda aqui estás. Mas não me importa, o amor que sinto por ti tem o sabor de cicatrizes que não saram mais e pra sempre me hão de fazer recordar cada segundo que parámos juntos. Cada cigarro que acendi pra ti em tentação, cada vez que me pediste pra te tocar, pra te beijar. Jamais irei esquecer cada lágrima minha que lambeste, cada suspiro que me provocaste, cada vez que me ralhaste porque eu havia cometido um erro. Não esqueço a música que nos iluminou o caminho, nem tampouco a forma como me olhavas, caindo na ideia pateta de que eu não te observava pelo canto do meu olho. Quando te disser adeus, não vou chorar... vou deixar te com um sorriso enorme pra que assim me possas recordar. Dar te ei um beijo na testa, longo, demorado... e fecho a porta do carro pra nunca mais a abrir. Vou guardar te aqui, bem fechado, proibindo qualquer boca de dizer o teu nome... no fundo, foi a mim e só a mim que pertenceste...